
levam pais a escolherem o CECB
Foto: CECB/Divulgação
Conteúdo e vida. Este é o binômio que, há um ano, orienta um time de 400 profissionais de educação no CECB. Com nova administração desde novembro de 2014, a escola de ensino fundamental e médio, que integra as instituições de ensino do Grupo UBEC, já promoveu vários ajustes com foco em excelência acadêmica para figurar, dentro de três anos, entre as mais desejadas por pais e alunos no Distrito Federal. A diretora Sonia Veras, que está à frente das adequações, esclarece nesta entrevista como está conduzindo o processo que começa a apresentar resultados gradativamente. Ela comenta sobre a busca de mais envolvimento dos pais com a escola, o desenvolvimento de líderes e de talentos, a educação inclusiva, o desempenho em exames seletivos e a preparação de jovens protagonistas no mundo que os aguarda além dos portões da escola e de casa.
UBEC – Está fazendo um ano que a senhora assumiu a direção do CECB. É possível pontuar, em rápida retrospectiva, o que mudou neste período?
Sonia Veras – Primeiramente, fizemos um diagnóstico. Observamos o trabalho dos profissionais e estudamos documentos oficiais para termos ideia da cultura vivenciada pela escola. No início deste ano, foi necessário um ajuste para o alinhamento com o foco da ação educativa do CECB. Observamos, por meio de uma consultoria realizada pela mantenedora (UBEC), que nos últimos quatro anos, o rendimento dos alunos tanto nas avaliações internas, quanto no desempenho em exames como Enem, PAS e vestibulares seguia um padrão decrescente. Nosso foco passou a ser a excelência acadêmica, a potencialização de resultados dos alunos.
Se eu pretendo que meus alunos alcancem outro patamar de qualidade, tenho que mexer nos três protagonistas desta história: o aluno, o professor e os pais. Em relação ao aluno, intensificamos a carga de aulas e os plantões, um recurso pedagógico extremamente útil que respeita os pré-requisitos do aluno e acontece no contraturno, isto é, quando ele não está em horário regular. Com a maior carga de aulas inserimos o espanhol como disciplina curricular. Outro ajuste deu-se na recuperação, anteriormente praticada somente no final do ano. Agora, é semestral sintonizada com o processo educacional que prevê a aprendizagem constituída a cada bimestre. Para esta cultura, tivemos que preparar os alunos e orientar os professores. Também inserimos alternativas tecnológicas para preparar os alunos para pesquisas na Web e também para atuarem em fóruns de discussão físico e online. Embora ainda não tenhamos uma plataforma nessa área, chamamos a atenção para a aprendizagem neste ambiente. O professor estimula a participação do aluno nessas atividades de pesquisa na Web para que adquira certa autonomia acadêmica. O modelo mais contemporâneo de educação prevê um aluno com iniciativa, que ao constatar o que não está dominando busque num site, num relatório de pesquisa confiável. A ideia é colocar o aluno mais protagonista do seu processo de aprendizagem. Paralelo ao controle sobre o rendimento dos alunos, a cada bimestre, inserimos a entrega de certificados para os melhores desempenhos. Os alunos que têm nota mínima 8 em todas as disciplinas recebem um certificado de desempenho que gera um impacto saboroso.

Foto: CECB/Divulgação
Também promovemos projetos no sentido de ampliar a visão de mundo. Lidar com a diversidade de maneira respeitosa. Foram os projetos de educação inclusiva e o SOS Amizade. O último, envolveu alunos diretamente. Colocamos caixas para relatos anônimos sobre o que estivessem observando, em relação à rejeição, sectarização e conseguimos chegar a alguns casos significativos sobre os quais agimos, de forma interventiva, com os estudantes e com os pais. Estamos de acordo com a orientação da CNBB que vai no sentido de não promoção de atividade isolada sem projeto educativo para cultivá-las dentro das escolas.
UBEC – Como as mudanças foram recebidas?
Sonia Veras – As mudanças foram estruturadas sobre o que chamamos de aprofundamento do conhecimento. O aluno tem que desenvolver a iniciativa de tomar atitudes em relação ao seu conhecimento. A expectativa sobre isso era sim de que os alunos se sentissem mais exigidos, mas entendemos que podíamos cobrar um pouco mais de empenho para o próprio desenvolvimento do estudante, com foco na excelência acadêmica. Os alunos reagiram de diferentes maneiras, alguns pais reconheceram a importância da mudança e algumas pessoas, que não tinham o hábito de ter o foco no resultado, se ressentiram. Sob o aspecto financeiro, a escola não acrescentou nada, apesar do aumento de aulas e disciplinas.
UBEC – O aluno do CECB está preparado para enfrentar a concorrência nos exames seletivos?
Sonia Veras – Não tenho como fazer uma avaliação precisa do desempenho dos alunos. Mas diria que elevamos o patamar de aprendizagem e aguardamos com otimismo os resultados deste Enem 2015. No primeiro bimestre, nos inquietou observar um índice de baixo rendimento principalmente em português e matemática. Permaneceu baixo no segundo bimestre. Mas no terceiro, começamos a perceber melhora significativa. Ainda não está no ponto, mas de forma geral melhorou. O processo é progressivo. Não podemos esperar respostas imediatas para uma cultura de tantos anos. O CECB tem 30 anos. Há uma linha de conduta pedagógica sólida e estruturada. Começamos alterar a partir de janeiro deste ano.
Psicólogos e orientadores foram às salas explicar a importância da dedicação a estes exames. Eu diria que este ano há dois preparos, um de conteúdo e outro de atitude. Um aluno que falta aulas do curso de preparação ao ENEM para estudar para as provas regulares da escola está desalinhado com a proposta. Prova do colégio é conteúdo que deve estar presente no saber do aluno, às vésperas do exame, ele vai fazer uma revisão, enquanto o preparatório ao ENEM e ao PAS é um consolidado do ensino médio que não justifica faltar. Estatisticamente reparamos que o aluno que participou do preparatório desde agosto, viu impacto positivo também nos bimestres seguintes. E apesar de não termos mecanismo de controle total sobre o desempenho dos alunos da escola após o ensino médio, sabemos que no ano passado, foram aprovados na UnB, 156 alunos.
Por outro lado, entendemos que o ENEM pode ser considerado mecanismo de controle do sistema educacional brasileiro. O Exame tem que trazer uma contribuição para que possamos verificar as competências que precisamos adquirir, por meio de quais estratégias e recursos pedagógicos. Uma visita técnica, uma entrevista com um profissional, uma análise de documento, todas essas estratégias enriquecem o processo de aprendizagem. Em princípio, delineamos algumas ideias para potencializar os resultados.
UBEC – Para o que o CECB prepara seus alunos?
Sonia Veras – Temos características fundamentais. Como entidade filantrópica, católica, baseada em princípios cristãos, o CECB preocupa-se em formar inteiramente o ser – corpo, mente, espírito. O cognitivo, o emocional e o social. Parece clichê, mas nós, que lidamos com a catolicidade, temos que cuidar desse ser integral para relacionar-se com o outro, contornar disputas, travar relações harmoniosas em seus contextos familiares, comunitários e acadêmicos. Constantemente é para isto que estamos educando e, ao mesmo tempo, preparando o aluno para o mundo fora da escola e de casa, o mundo acadêmico e profissional. Os alunos saem daqui com 17 anos de idade e alguns vão para o mercado de trabalho aos 18 anos. Enfatizo que, aqui, o preparo de alta performance acadêmica segue alinhado com a formação do ser para o futuro profissional. Conteúdo e vida formam um bom binômio para definir o objetivo da preparação do CECB.
UBEC – Dois alunos do CECB foram vencedores de um concurso de redação do Governo do Distrito Federal este ano, porque este resultado é importante?
Sonia Veras – Precisamos saber quais os talentos que temos aqui. Tem aluno que joga muito bem, que dança, que é instrumentista, uma menina de 14 anos que editou um livro. Quando vejo estes resultados me encanto, porque estamos lidando com alguém que cedo já demonstra qualificações extremadas.
Para ilustrar vou contar sobre um menino que me procurou dizendo que “o estúdio da banda estava muito depreciado”. Ele trouxe um tablet com as fotos do lugar onde funcionava a banda, que, hoje, está em reforma graças ao seu protagonismo. Ele foi gestor desta mudança com 11 anos de idade. Um líder amadurecido. Apresentou uma competência dele, cujos pais orientaram muito bem e aqui, obteve reforço. É isto que o CECB quer, gente com atitude.

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O Serviço de Orientação Educacional tem feito um trabalho no sentido de que o líder de turma não seja apenas repassador de informação, mas contribua para a coesão do grupo, ouça os interesses da turma, sinta a formação de grupos rivais, a rejeição e facilite a harmonização. O aluno não vai resolver sozinho, mas vai contar com a mediação dos orientadores que agem a partir dos perfis de alunos, suas necessidades e características. Assim, vão preparando-se para tornarem-se cidadãos com iniciativa. A missão do CECB e da mantenedora são afinadas, não queremos formar pessoas reprodutoras.
UBEC – Daqui para a frente, o que pais e alunos podem vislumbrar? É possível adiantar algum projeto de 2016?
Sonia Veras – Vamos realizar mais mudanças. Planejamos inserir a estimulação do raciocínio lógico matemático no interior do semestre letivo. Anteriormente, o xadrez era oferecido como atividade complementar. Agora, esta atividade de estimulação do raciocínio lógico abstrato vai estar dentro da sala de aula, integrado ao aprendizado de algumas disciplinas. A revisão dos critérios de avaliação também integra as apropriações. Queremos oferecer recuperações trimestrais, procedimento mais correto em termos pedagógicos. Uma dúvida ou uma dificuldade em pré-requisito tem que ser trabalhada no mesmo período. Ao perceber falta de domínio e necessidade de desenvolver uma competência ou habilidade o professor tem que intervir imediatamente. Acredito que os alunos terão ganho com esta prática e o grupo todo vai seguir mais homogêneo.
Quanto à educação no contraturno, em 2016, teremos atividades complementares tanto artísticas quanto desportivas que darão sustento ao ato educativo formal.
Quanto ao curso preparatório para o ENEM, PAS e vestibulares, manteremos as aplicações de simulados no decorrer do ano e avançaremos com a divisão dos coordenadores pedagógicos por segmento e área. Constatamos que ao alinhar verticalmente os conteúdos, os coordenadores de área têm melhores respostas. Fizemos também uma formação reforçada ao nono ano, por meio do aumento de carga horária regular de aulas e da aplicação de simulados.
UBEC – Esta metodologia demora para mostrar resultado?
Sonia Veras – Quando assumi o CECB, pedi três anos para elevar a escola a um patamar mais alto dentro do ranking do DF. Espero que já nos próximos exames seletivos, as novas diretrizes nos elevem um degrau, porque este processo é gradativo. Trata-se de uma mudança de cultura, de comportamento. Preciso de pais alinhados com o programa, eles foram chamados em reuniões separadas, este ano, com esta finalidade. Como ilustração, a escola percebe que é necessário alinhar quando recebe pais que solicitam segunda chamada de provas porque programaram viagem à Disney em pleno interior do período letivo. Não posso advertir os pais, mas preciso que estejam alinhados, do contrário, não consigo conduzir este processo de desenvolvimento da formação dos filhos deles.
UBEC – E quanto ao reajuste das mensalidades diante da inflação, qual será a adequação que o CECB precisará fazer?
Sonia Veras – Realizamos um levantamento das escolas do Distrito Federal quanto às atualizações das mensalidades praticadas. Giram em torno de 10 % a 15%. O CECB decidiu por uma atualização de 8,85%. Reconhecemos o momento político e econômico vivenciado e sua repercussão nas famílias. Contudo, para poder compatibilizar com este reajuste abaixo da inflação, vamos conter despesas em relação ao custo da escola.

Foto: CECB/Divulgação
UBEC – Um dos legados do ministro Renato Janine, em sua rápida passagem pelo MEC, foi a assinatura a Lei da Inclusão Escolar. Como o CECB está preparado para o cumprimento desta lei?
Sonia Veras – Independente da Lei 13.146 a escola inclusiva já é uma realidade no CECB. Entre os mais de quatro mil alunos, temos 299 portadores de necessidades educacionais especiais laudados, e ainda aqueles, que a experiência evidencia que as dificuldades de aprendizagem existem. Eles têm deficiência, alguma patologia adquirida ou herdada que os impede de ter total desenvolvimento cognitivo social, emocional, porém, a família não traz a informação diagnosticada.
Temos profissionais para dar apoio a todos. Fazemos avaliações diferenciadas. Se detectamos que no meio de uma sala com muitos estudantes falando ao mesmo tempo, alguns ficam extremamente perturbados, perguntamos se gostariam de fazer a prova separadamente. Quando o aluno aceita essa alternativa, desencadeamos o processo indo para sala especial, lendo o enunciado, explicando, explicando a organização da prova. Alunos com alto grau de dispersão, ao receberem uma prova escrita na frente e no verso perdem-se na hora de virar a página. Na prova dele então vai um pouco mais de papel. Para um aluno portador de déficit de atenção se a prova simplesmente indicar marque a alternativa correta com a letra C, isso não funciona. É necessário explicar que é C de Correta, aí ele vê sentido e marca. São pequenos ajustes feitos para que esses alunos tenham compreensão. E funciona. Temos um menino que saiu da nota quatro para oito, sem mágica, mas com a forma adequada de fazer a transposição didática. É a flexibilização curricular. Assim, quando mexemos na aplicação da prova, especialmente alunos com Distúrbio do Processamento Auditivo Central (DEPAC), que são os que têm uma leve deficiência sensorial, auditiva, respondem e há um ganho enorme de autoestima da criança. Vamos continuar em 2016, desenvolvendo esta metodologia conciliadora e mediadora.
Falamos aqui de necessidade de acessibilidade curricular e não de acessibilidade física que muitos pensam que se resume a uma rampa. Mas a rampa precisa ser suave, além de corrimões deve ter itens antiderrapantes para o indivíduo não escorregar. É preciso tomar conta do piso, ver altura de bebedouro para aluno cadeirante. A sinalização interna tem que ser clara. Todos os prédios estão indicados de forma objetiva agora, não deixamos margem para erro de localização.
UBEC – E quanto a sensibilizar pais e alunos que não vivenciam a realidade de um portador de necessidades especiais para que a inclusão seja efetiva?
Sonia Veras – Exatamente. Não se trata de dizer que a escola é inclusiva porque a lei exige. Passamos a chamar os pais bimestralmente para palestras técnicas. Nessas oportunidades tratamos de dislexia, DEPAC, déficit de atenção, transtorno opositor entre outros temas. Esta agenda permite que simultaneamente reunamos a comunidade de pais e façamos formação continuada com os profissionais do CECB. As palestras são ministradas por profissionais de ensino especializado.
UBEC – Trazendo para a prática situações que se apresentam nos finais e inícios de ano letivo, se um pai ligar para o CECB e questionar se o filho com deficiência auditiva ou visual pode ser matriculado, qual a resposta que ele terá?
Sonia Veras – O Estatuto da Pessoa com Deficiência, do ponto de vista pedagógico diz o que tem que ser feito no Art. 27 no Capítulo 4. Ainda não sabemos quais as deficiências teremos em 2016, mas sabemos que vamos matricular as demandas que se apresentarem nesta área. Hoje temos ocorrência de dislexia, esclerose lateral amiotrófica, dificuldades de locomoção, câncer, déficit de atenção, síndromes diversas. Havendo um deficiente auditivo teremos que ter um intérprete. Não podemos dizer para uma família que não vamos receber sua criança. No entanto, posso informar no ato da matrícula que são dos pais algumas responsabilidades, como o deslocamento do aluno e atendimento especializado no contraturno, por exemplo.
UBEC – Qual o perfil dos professores do CECB atualmente quanto à idade, formação e tempo de trabalho em sala de aula?
Sonia Veras – Há um ano, solicitamos aos coordenadores uma avaliação de desempenho dos educadores da escola, em relação ao perfil pretendido a um mestre católico/humanista. Aqueles que não deram resposta positiva foram desligados. Hoje o CECB tem outro projeto educacional com foco na excelência acadêmica e no desenvolvimento integral do ser, acredito que o grau de comprometimento seja maior.
O levantamento mais recente sobre o perfil de escolaridade dos professores do CECB nos mostra que 100% deles são graduados dos quais 32% são pós-graduados em diferentes especialidades.
UBEC – Quantos alunos e professores tem o CECB hoje?
Sonia Veras – Somos 200 funcionários e 200 professores com um turnover de 2,94% para o atendimento e formação de 4.179 alunos.
UBEC – Professora, o que faz um pai decidir por matricular seu filho no CECB?
Sonia Veras – Avaliando da forma mais isenta, a escola está passando pelo recredenciamento junto à Secretaria de Educação, significa que os documentos estão em dia. Os documentos oficiais foram revitalizados, como também o foram a proposta pedagógica e o regimento. Temos profissionais com 23 anos de casa, é forte o vínculo. É uma escola com princípios sólidos. Procuramos gerar identidade da escola com o profissional que está aqui dentro, pela maneira como nos relacionamos e pelo atendimento. Mais do que qualidade, buscamos a excelência e a responsividade. Todas as sextas-feira leio tudo o que me escrevem via ouvidoria e encaminho aos setores responsáveis na solução das demandas. No site, colocamos um link “palavras da direção”, onde vou esclarecendo aos pais o que acontece na escola. Nada fica sem resposta, pois o diálogo conduz nossas relações.
Acabamos de fechar uma parceria com a Thomas Jefferson que oferecerá sua modalidade de ensino da língua inglesa na unidade. Além do ensino do idioma na matriz curricular, os alunos poderão aprofundar sobre o conhecimento da cultura americana.
Estas são as características mais próximas do novo CECB que estamos reconstruindo. Seguem a orientação de Dom Bosco, firme porque tem que ter conhecimento técnico, mas doce no trato.
O CECB é um colégio que tem seguro educacional, isto faz uma diferença enorme. É um colégio que tem enfermaria com enfermeira graduada. Nossa biblioteca foi toda reformada. A bibliotecária criou um cantinho de contação de histórias, fez um espaço para atividades colaborativas mais lúdico e altamente consumido pelos alunos. Estamos atrás do aprimoramento e já demos alguns passos na direção da excelência. Como comentei anteriormente, a escola está em reconstrução e não está pronta.