
Foto: Lauro Straiotto / UBEC
Conduta moral e produtividade têm relação entre si? Sim e, segundo os instrutores convidados pela UBEC para ministrarem o Curso: Governança, Compliance e Accountability, realizado entre os dias 18 e 20 de maio em Brasília, esta não é uma questão implícita apenas no conteúdo dos currículos do ensino básico ao superior, mas uma preocupação de gestores que desejam ser reconhecidos como atualizados e ser inspiração para suas equipes. O Curso integra o programa de educação continuada para os executivos do Grupo UBEC e convidados das congregações associadas.
O nível de tolerância de um gestor com o que não é entregue a contento impacta na produtividade de um país, porque é necessário mais gente para fazer o mesmo que em países onde erros e desculpas não são aceitos facilmente. Esta maneira de atuar reflete-se na competitividade e no produto interno bruto, concordam os convidados.
A preocupação não é nova. Grandes empreendedores, no passado, já praticavam accountability, uma virtude moral. Accountability é a tradução mais próxima da frase: pensar e agir como dono e entregar resultados excepcionais, resume o coaching executivo e psicólogo João Cordeiro, que atua em desenvolvimento profissional há mais de 30 anos.

Foto: Lauro Straiotto / UBEC
Cordeiro ressalta que, o que era feito de forma espontânea no passado, hoje, é trabalhado constantemente nas equipes das corporações. “As pessoas precisam entregar resultados cada vez melhores, em função da velocidade dos processos e da concorrência do mundo globalizado”, constata. As instituições atuais, então, precisam de pessoas que pensem e ajam como seus donos cuidando dos processos, dos produtos e zelando pelo patrimônio. Este é o recado do coaching ilustrado por uma mandala em que o efeito de accountability é uma alteração do modelo mental das equipes e reflete-se no sonhar grande, estar alerta, ter coragem, agir, manter interesse genuíno, ser transparente, gerar resultados, assumir as consequências de seus atos e agir como dono da organização.
Resultado X justificativa – Quando a dica é por onde um gestor pode começar a implementação desta cultura em sua equipe, Cordeiro é taxativo: devem ser cada vez mais intolerantes às desculpas, devolvendo perguntas e respostas melhores, exigindo mais resultados do que justificativas e imprimindo no ambiente de trabalho um ritmo de elevação geral do nível de exigência.
A professora Aline Medeiros, da Universidade Católica de Brasília (UCB), concorda e entende que o gestor tem que se perceber como um exemplo e contagiar a equipe. Ela acredita que esta conduta pode melhorar significativamente os resultados de uma empresa. Aline considera rica a experiência proporcionada pela UBEC de reunir durante o ano todos os gestores do Grupo para troca de vivências a partir de realidades diferentes com pontos de semelhança.

Foto: Lauro Straiotto / UBEC
Para o presidente do Conselho das Associadas, irmão Jardelino Menegat, o curso vem ao encontro da necessidade de dar-se maior abrangência ao conceito de inovação, “porque passa pelas pessoas também”. A UBEC está investindo em pessoas paralelamente à tecnologia, ressalta Menegat ao comentar a preocupação da atual gestão em aproximar do Grupo também os executivos da alta direção da governança das congregações associadas, no sentido de fortalecer o pertencimento e consolidar o compromisso da UBEC com as associadas. Uma lacuna que havia e está sendo reparada, na opinião do presidente.
Como um dos idealizadores e incentivadores do processo de educação continuada de gestores na UBEC, o presidente do Conselho de Administração, irmão Nilton Dourado, declara que quando vê o desejo dos participantes dos cursos em colocar em prática o que foi aprendido, tem certeza de que o projeto implantado há quatro anos está se concretizando. “Acredito que começamos a ter nova visão da UBEC, bem como das nossas responsabilidades como gestores que contribuem como parte de um time”, sublinha ao afirmar que, como presidente, também vai buscar ainda mais interação.
Sobre a mensagem de João Cordeiro, o presidente do Conselho de Administração destaca que todos os integrantes do Grupo UBEC são donos da instituição, cada um na sua área de atuação. “Quando proporcionamos esses encontros, é para que as pessoas descubram-se como parte da UBEC”, diz em sintonia com o irmão Jardelino: as associadas são parte da UBEC e a UBEC é parte delas. “Esta é uma realização desta gestão”, assinala Dourado ao lembrar que diretores e reitores das universidades do Grupo têm participado dos encontros internacionais de educação superior de cada congregação, por incentivo da UBEC que se percebe parceira das associadas. O esforço agora é no sentido de que províncias e inspetorias associadas também pensem assim, e a UBEC será muito mais competitiva com uma cultura própria, prevê.
Ética na prática – O advogado Luís Gustavo Miranda, instrutor do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), confirma a avaliação do irmão Nilton. Estes encontros da UBEC destacam a preocupação em destinar investimentos para a área de governança corporativa e compliance, um grande diferencial que traz impacto positivo à organização e também aos alunos.
Trazer o compliance para a temática do evento é deixar clara a intenção de estar em conformidade com a lei, com as normas e preocupar-se com a ética, a integridade, a boa reputação e a boa imagem. Quando um programa de compliance está na cultura de uma organização, o dirigente é um exemplo, tem papel fundamental frente a uma organização que pensa em atuar conforme a lei, com base em normas, incluindo as internas, os princípios, os valores organizacionais e também católicos, frisa Miranda.

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O País passa por mudanças velozes que envolvem a educação, destaca o instrutor do IBGC. Ele entende o ensino como fundamental para a formação de pessoas com caráter e isso tem a ver com governança corporativa e compliance, porque “estamos falando de formação de pessoas com integridade, condutas éticas e honestidade”.
Os desafios apresentam-se para as instituições de ensino especialmente, porque trabalhar formação de pessoas implica em novo paradigma. A educação era muito expositiva, anteriormente e hoje trabalha-se a questão prática. Neste cenário, também se deve praticar os valores pregados. Para uma instituição católica trata-se de um momento de inflexão real, porque forma a comunidade baseada em valores e princípios, conclui.
Conforme Gabriela Ribeiro, da Faculdade Católica Recife, o como levar as práticas de compliance e accountability para a realidade da instituição já começou a ser discutido pelos gestores da escola durante o curso. “Nesses dias vivenciamos um momento focado na governança corporativa, um universo recente para nós, e outro que trouxe o compliance e o accountability com conceitos para reflexão. Uma das ideias é replicarmos o conteúdo recebido a partir de um facilitador ou por meio dos próprios gestores, ainda vamos alinhar a melhor forma de fazer”, comenta.
Adaptação permanente – Venício de Oliveira Júnior, do Unileste, considerou o encontro um momento de crescimento ao trabalhar a liderança, a responsabilidade e a governança de forma didática. Ele acredita que os participantes voltaram motivados a se superarem já começando a colocar em prática aspectos como o empoderamento e a responsabilidade dos colaboradores como parte do sucesso da instituição. Para Oliveira, o que não pode mais fazer parte da rotina das instituições que estiveram presentes ao curso de educação continuada é a resistência à mudança, o acomodamento, o achar que já está bom. Na opinião do gestor do Unileste esta conduta tem que ser extinta.
Na opinião do consultor da UBEC, Wilson Carnevalli Junior, um encontro como este proporcionado pela mantenedora é uma oportunidade para debater, discutir, conhecer e repensar conceitos. A ideia não está em padronizar, mas criar uma visão comum de futuro com uma coesão interna muito forte. Para ele, qualquer conhecimento aportando aos executivos, provoca a busca de informações novas. O conhecimento gera a vontade de aprender mais e isso vai desenhando o futuro de uma organização.
Ao listar as melhores práticas de governança corporativa, Carnevalli Junior enfatiza quatro grandes princípios: equidade, justiça, transparência de informações e atitudes e prestação de contas. O compromisso mútuo é a responsabilidade corporativa, uma vez que à direção de uma instituição, pela sua longevidade, é cobrada a adaptação ao ambiente de negócios que se mantém em constante movimento.
O professor Peter Gaberz Kirschnik, da Faculdade Católica do Tocantins, compartilha da importância de discutir envolvimento e responsabilização de gestores. “É um fator importantíssimo para o desenvolvimento conjunto”, diz ao reiterar que tudo depende do comprometimento de cada um com o êxito das instituições. Mas isso não é tudo, porque cada um precisa fazer com que outros comprometam-se com a mesma proposta.
Para isso , no entanto, Kirschnik entende que é necessário fazer uma autocrítica e avaliar “onde não estamos nos responsabilizando como deveríamos e melhorar a partir daí, passar a ideia para os colaboradores e buscar atingir nosso público final, os alunos, fazendo com que eles se responsabilizem também pela parte que lhes cabe”.
Também com foco nos alunos como público final, o professor Jesner Dias, dos Colégios Padre De Man e CECMG realça o conteúdo do curso. A dedicação da UBEC nesse sentido é percebida e a cada dia nos sentimos mais inseridos o Grupo com a aproximação entre a equipe de executivos e os conselhos de Associadas e de Administração, bem como da diretoria executiva. “Vimos desenvolvendo este sentimento de pertença, de nos enxergarmos como donos da organização”, resume Jesner ao frisar que a prática de accountability é fundamental. Esses trabalhos renovam nossas forças internas e nos colocam em reflexão para agir melhor, montar um plano de ação com esses referenciais, traçar objetivos e metas para avançar, pondera. Como o professor Kirschnik, entende que ficará sozinho quem não exercer liderança proativa. “Temos uma boa tarefa”, diz, agora a terra foi revolvida, está no ponto de colocar a semente.
Construindo cultura – A motivação dos quase 70 participantes do quinto encontro de educação continuada da UBEC também é ressaltada pelo diretor executivo, Leonardo Nunes. Foi importante perceber que os conceitos foram absorvidos e manter o compromisso com os resultados deve se sobrepor ao buscar desculpas sobre não realizações, bem como estar mais próximo e preparado para atender pessoas e cumprir a missão. “Demos um passo muito importante no processo de construção da cultura de servir”. Para Leonardo, os gestores da UBEC estão atingindo um grau de maturidade e de percepção prática sobre o que estes encontros podem proporcionar às ações efetivas no dia a dia das instituições.
O diretor executivo acredita que, no âmbito da UBEC, é preciso “uma definição clara do papel da liderança, demonstração de que somos capazes, podemos ser desafiados e olharmos para dentro de nós, decididos a desenvolver competências e habilidades que não temos, aprimorar o que existe e ter consciência de que estamos construindo a UBEC para a longevidade com a responsabilidade de preparar sucessores e novos líderes.

Foto: Lauro Straiotto / UBEC