Uma pesquisa do Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID) revelou que 50% dos estudantes estão deixando a escola por falta de interesse e envolvimento com as aulas. O dado alarmante provocou a reflexão dos docentes e gestores do grupo União Brasileira de Educação Católica (UBEC) durante o painel “Google: Inovação em Educação”, apresentado pelo head do Google for Education na América Latina, Rodrigo Pimentel.
O bate-papo aconteceu durante o seminário “Desafios Contemporâneos da Educação Básica”, realizado pela UBEC, em Brasília, nos últimos dias 15 e 16 de setembro. Parceira da instituição desde o ano passado, o Google for Education trouxe como temas da conversa o foco no aluno, a liberdade na aprendizagem e o compromisso de multiplicar as possibilidades e experiências.
“Quem aqui acredita que, nessa jornada educacional, o professor continua sendo fundamental?”, perguntou Rodrigo ao falar sobre o perfil interativo e multiconectado dos novos estudantes. E provocou: “Quem acredita que o aluno está absolutamente encantado com o que está acontecendo em sala de aula?”. Com respostas unânimes, a plateia sinalizou que reconhece e topa o desafio de ressignificar o aprendizado e as práticas pedagógicas.
O fato é que, nesse mundo de transformações cada vez mais rápidas e constantes, a Educação brasileira ainda está começando a entender e se apropriar das mudanças. “Do ponto de vista da docência, estamos no século XX, usando metodologias do século XIX para ensinar alunos do século XXI”, argumentou o diretor executivo estratégico da UBEC, prof. Márcio Dias, ao abrir a apresentação do head do Google.
Inovação não se faz por decreto
Ao falar sobre o DNA Google aplicado à Educação, a cultura e o início da empresa, Rodrigo traçou um paralelo com a trajetória da UBEC para destacar que os valores de uma instituição caminham juntos com a inovação: “Os valores são chave da construção da rede católica de ensino. A gente não precisa ceder os nossos valores por conta da inovação. É preciso criar a cultura para que a inovação venha de uma maneira orgânica, que ela tenha a cara da escola”.
Sobre o papel da escola em promover práticas inovadoras e o impacto que isso gera na formação profissional e humana, o head do Google garantiu que há confluência entre os anseios dos alunos junto às escolas e as expectativas dos contratantes nas empresas.
“O aluno não quer que você dê as respostas, e no ensino tradicional é basicamente assim. Ele quer um problema real para aplicar o conhecimento. Mais da metade dos presidentes das empresas querem gente para resolver problemas”, destacou apresentando dados de uma pesquisa realizada com 132 mil alunos. A análise mostra que 36% dos estudantes querem realizar atividades práticas e resolver o problema, 65% querem ser preparados para o mercado e 72% gostariam de participar das decisões da escola.
“A maioria esmagadora dos alunos quer o apoio da escola para desenvolver habilidades sutis – ‘escola, me prepara para a vida, me prepara para ser um cara melhor”, explicou Rodrigo, destacando ainda que 70% dos contratantes acreditam que essas habilidades terão mais importância nos próximos anos.
Foco, liberdade e 10x
A tecnologia é uma ferramenta que precisa estar alinhada aos princípios de aprendizagem. Criar um ambiente que propicie a inovação, disparar a aprendizagem de qualquer lugar e a qualquer momento, e multiplicar a experiência em Educação, são ações que refletem o conceito “Foco, liberdade e 10x”, metodologia Google que foi explorada pelo palestrante ao longo da apresentação.
“A palestra foi muito propícia pois tocou em pontos que, muitas vezes nas atividades educacionais, abordamos de forma conceitual. Foi no sentido de demonstrar de forma prática como trabalharmos a inovação”, comentou o diretor executivo de operações da UBEC, prof. Leonardo Nunes.
Ao refletir sobre a informação de que 60% dos alunos que estão hoje em sala de aula irão trabalhar em profissões que ainda não existem, prof. Leonardo finalizou: “Precisamos nos perguntar, será que de fato nós estimulamos nossos professores a serem inovadores? Desafiar é uma forma de estimular e espero sinceramente que o seminário tenha contribuído para a busca por novos conhecimentos e habilidades”.
Maria Carolina Santana
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