4 mil inscritos. É esse o número de participantes que a educadora física Renata Miranda Rangel; seu marido, Rodrigo Bobrov; e toda uma rede de apoio esperam para a corrida de rua Bora CorRê.
O evento pretende arrecadar R$200 mil com as inscrições, recurso que vai custear a viagem de Renata até a Tailândia, onde fará um tratamento com células-tronco para recuperar-se das consequências de um AVC (acidente vascular cerebral) que sofreu em 2015.
O país asiático é referência mundial em recuperação para pessoas que, como ela, tiveram o sistema nervoso afetado e os movimentos paralisados.
“Já fizemos outras ações antes, mas com o intuito de levantar recursos para auxiliar no tratamento da fisioterapia, que custa cerca de R$8 mil por mês”, conta Rodrigo. Jogo de futsal com a presença de craques da seleção brasileira, rifas, festa junina, artistas mobilizados nas redes sociais são algumas das iniciativas que têm envolvido pessoas e empresas para apoiar a atleta desde então.
Todos correndo pela Renata
“Ela sempre foi corredora de rua. Corria 15km diariamente e participava de competições quase todo fim de semana”, comenta o marido ao falar sobre a expectativa para alcançar os 4 mil inscritos na Bora CorRê. “Nosso objetivo agora é o maior. Temos pouco mais de dois meses para garantir as inscrições e dar à Renata a chance de voltar a caminhar, a correr”, afirma.
A rede de apoio é ampla. Praticamente toda infraestrutura para o evento foi doada por quem se sensibiliza com a história. Integrando essa rede de apoiadores, a UBEC – União Brasileira de Educação Católica vai viabilizar a inscrição de todos os colaboradores do Escritório Central, em Brasília, estimando a participação de aproximadamente 300 pessoas.
“A ideia surgiu quando conversamos sobre o tipo de apoio que, além da divulgação, a UBEC poderia oferecer. Uma efetiva ação de solidariedade e comunhão, que demonstra o nosso compromisso com a vida, com íntima relação com a nossa missão de instituição católica. Neste sentido, além de custear as inscrições de nossos colaboradores, motivamos para que todos inscrevam suas famílias e divulguem a ação suas de redes de amigos e contatos. A nossa proposta é fazer a UBEC e toda a comunidade escolar ‘corRê’ junto”, afirma o presidente da UBEC, Ir. José Nilton Dourado.
“Eu acredito em algo muito maior do que a medicina”
Casados há 18 anos, Renata e Rodrigo estão juntos na luta diária pela recuperação da atleta. “Você não pode imaginar o quanto ela é forte e tem a certeza de que isso vai passar. Ela sabe que isso é um desafio e é impressionante a alegria que tem. Eu nunca vi Renata se perguntando ‘porque comigo?’. O que faz ela ter uma recuperação tão boa é a forma como ela encara tudo isso”, garante o marido.
Mãe de dois filhos, uma de 9 e outro de 15 anos, Renata sofreu o acidente em fevereiro de 2015. Os sintomas do AVC foram diagnosticados como uma “crise nervosa”, o que Rodrigo afirma ter sido negligência médica e contribuído para agravar o caso. A avaliação é de que a causa foi o uso de anticoncepcionais.
“Só depois da ressonância identificaram o tamanho do problema. Ela teve uma trombose que se instalou na artéria basilar, a principal que temos no cérebro, e isso parou a oxigenação sanguínea. Os médicos disseram que ela teria 10% de chances de sobreviver, mas depois de quatro horas de cirurgia, o procedimento foi um sucesso”, conta Rodrigo.
“Ela passou 81 dias na UTI, e nesse período só recebíamos notícias desacreditadas. Os médicos diziam que, se sobrevivesse, Renata só mexeria os olhos, que não respiraria sozinha, não se alimentaria e sequer me compreenderia. Minha resposta foi: Eu acredito em algo muito maior do que a medicina”.
Renata foi melhorando. E enquanto a paciente só mexia o olho, o casal criou um método para se comunicar. “Eu fazia uma pergunta e ela respondia piscando uma ou duas vezes para sim ou não. Fomos evoluindo, começamos a formar palavras letra por letra do alfabeto e depois, por grupos de letras para facilitar. Renata virou a atração do hospital, conversava por piscadas com a mesma velocidade de uma conversa normal”, relembra o marido.
Observando a evolução da respiração, os médicos tiraram a traqueostomia. E foi certeiro. Ela já respirava bem e sem ajuda de aparelhos. Saiu da UTI e voltou para casa com o auxílio de um home care.
#ReNaTailândia
Renata faz fisioterapia diariamente e, após 3 anos, Rodrigo começou a procurar novas formas para tentar reverter o quadro da esposa. Há um ano ele passou a pesquisar sobre células-tronco e encontrou na Tailândia grandes chances de melhora.
“A legislação de lá permite aplicar o maior número possível de células-tronco, são mais de 120 milhões para cada uma das seis injeções”, explica ele. O tratamento existe no Brasil, mas o Ministério da Saúde autoriza a aplicação de apenas oito milhões de células-tronco em cada injeção.
Rodrigo deixa claro que não existe promessa de cura, mas garante que todas as pessoas com quem conversou e os casos que pesquisou alcançaram resultados reais após o tratamento.
O laudo de Renata foi encaminhado ao hospital na Ásia e ela já recebeu a carta de aceite, quando os médicos entendem que existe possibilidade de melhora.
Os R$200 mil pretendidos com as inscrições da corrida Bora CorRê incluem todo o tratamento, além da estadia no hospital, as passagens aéreas do casal, fisioterapia, fonoaudiologia e exames prévios.
Participe! Inscreva-se clicando em Bora CorRê
Maria Carolina Santana